União, resistência e respeito à diversidade marcaram o evento "Ifap de todos os amores" do Campus Laranjal do Jari
União, resistência e respeito à diversidade marcaram o evento "Ifap de todos os amores" do Campus Laranjal do Jari do Instituto Federal do Amapá (Ifap). A ação ocorrida, no último dia 25 de maio, debateu temas importantes no combate a LGBTQIA+fobia, além de contar com convidados e uma diversificada programação.
Durante o evento, a diretora - geral do Campus Laranjal do Jari, Lucilene Melo, destacou a importância de debater a diversidade em todos os aspectos e enfatizou a necessidade de se falar sobre homofobia, que é considerada pelas leis brasileiras crime, mas que ainda tem presença na sociedade, resultando em violência, assassinatos e preconceitos a população LGBTQIA+.
À esquerda, William Júnior Oliveira; No centro, a professora do Ifap Letícia Barriga; À direita, Washington Duarte
Ainda na oportunidade, William Júnior Oliveira, presidente do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial de Laranjal do Jari, destacou que é preciso respeitar as diferenças e que as pessoas não devem deixar de viver a sua forma de amar. “ Como diz a música do compositor e intérprete Gozaguinha, temos que viver e não ter vergonha de ser feliz”, afirma.
O evento contou ainda com a participação de Washington Duarte de Sousa, mais conhecido como Dourado (A princesinha). O lutador de MMA, que é homossexual, compartilhou experiências e os desafios que enfrentou no esporte por conta da sua orientação sexual.
Princesinha Dourada: o primeiro lutador de MMA assumidamente gay do Brasil
Washington Duarte “A princesinha Dourada”
Washington Duarte “A princesinha Dourada” tem 29 anos, é natural de Porto de Moz (PA) e atualmente é morador de Laranjal do Jari (AP). Washington é o primeiro lutador de MMA assumidamente gay do Brasil e conta que o início da carreira foi desafiador, que sofria ataque homofóbicos de equipes rivais e descrédito de muitas pessoas, mas com o apoio da sua equipe foi adquirindo respeito. O esportista já ganhou diversos prêmios nacionais e também recebeu convites para iniciar carreira internacional.
“A princesinha Dourada” destaca a importância do "Ifap de todos os amores", porque representa a união necessária para combater a homofobia. “As pessoas que participaram do evento vão se sentir mais seguras, terão mais amor próprio, se amarão mais e assim não baixarão a cabeça para o preconceito”, explica Dourado.
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Dança, arte e exposição
alunos assistem ao documentário “Colorindo a Heteronormatividade na cultura escolar do Amapá"
A programação "Ifap de todos os amores" contou com a exibição do documentário “Colorindo a Heteronormatividade na cultura escolar do Amapá". O vídeo exibido aos alunos promoveu o debate sobre as múltiplas sexualidades e gêneros existentes na sociedade, principalmente, no ambiente escolar.
Assista o documentário abaixo
Ainda no evento, ocorreu a exposição de textos literários de temática LGBTQIA+. Segundo a professora de português do campus, Ana Lis, apresentação dos textos objetivou fomentar a literatura LGBTQIA+ ainda tão invisível e estigmatizada pela sociedade. “Hoje nós temos uma crescente produção de narrativas literárias sobre dissidências sexuais e de gênero que, infelizmente, ainda é complexificada e radicalizada, muitas vezes pelo preconceito, o silêncio e a violência”, explica Ana Lis.
Exposição de textos literários de temática LGBTQIA+
A professora destaca que os alunos escreveram poemas autorais com foco na importância da literatura LGBTQIA+ como parte integrante da literatura contemporânea. “Como meio de expor toda criatividade desenvolvida, utilizamos a rede de vôlei do ginásio do campus para reconhecer e valorizar a subjetividade poética dos alunos, entendendo que é preciso respeitar, reconhecer e aprender com as múltiplas sexualidades e gêneros existentes na sociedade”, explica.
Ainda na programação, foram expostos murais com cartazes de incentivo ao respeito e a tolerância. Com letras coloridas, cores vibrantes e símbolos de resistência a homofobia, as frases trouxeram sentimentos de união e fraternidade. Os cartazes foram confeccionados por alunos, professores e servidores do campus, que juntos produziram um mosaico intimista e acolhedor.
A dança também marcou presença no evento com apresentação do grupo A Tribo do Jari. Com embalos de músicas marcadas por frases de resistência e palavras de ordem, o grupo trouxe uma apresentação cultural tipicamente amapaense.
Confira trecho da apresentação!
A Tribo do Jari faz parte do grupo cultural amapaense Troup Tribal. O movimento artístico tem por objetivo exaltar as belezas culturais por meio da dança. Atualmente A Tribo do Jari possui 25 dançarinos e o Troup Tribal mais de 100 brincantes.
A programação encerrou com a apresentação artística de estudantes do campus , integrantes do projeto RECRIARTE. O Projeto é formado por alunos, ex-alunos e servidores do Campus Laranjal do Jari e foi idealizado em 2008, com o objetivo de promover aos alunos acesso a cultura de forma a ressignificar a educação.
Apresentação artística de estudantes do campus /Projeto RECRIARTE
Atualmente, a coordenação do grupo encontra-se na responsabilidade do professor de educação física, Dennys Conceição, que disse “o grupo é uma ferramenta pedagógica importante para combater a exclusão social por meio da arte e cultura, principalmente por meio do conteúdo da dança”. O grupo Recriarte conta, atualmente, com cerca de 12 integrantes.
Confira o álbum completo do evento aqui!
Mensagem da comissão “Ifap de todos os amores” do Campus Laranjal do Jari
Comissão do “Ifap de todos os amores” do Campus Laranjal do Jari
A comissão do “Ifap de todos os amores” do Campus Laranjal do Jari agradece a participação e ao apoio da comunidade acadêmica: alunos , professores e demais servidores na realização do evento , em alusão ao dia 17/05, Dia Internacional de Combate a LGBTQIA+fobia. Ressaltamos que o “Ifap de todos os amores” teve por objetivo garantir espaços de discussão e reflexão, acerca desse problema social tão grave, que ocorre em nossa sociedade, na medida em que o Brasil é o país onde mais se mata pessoas LGBTQIA+ no mundo. A educação formal, enquanto espaço fundamental para a reconstrução de pensamentos e práticas, não pode se furtar em debater a necessidade do combate à LGBTQIA+fobia. Nesse sentido, por meio de um trabalho coletivo, com a participação em peso de nossos estudantes e servidores, demarcamos que a comunidade acadêmica do Ifap, Campus Laranjal do Jari , defende uma sociedade fraterna, igualitária e na prevalência do amor contra o ódio e a intolerância.
Por Tiago Ferreira, jornalista do Campus Laranjal do Jari
Instituto Federal do Amapá (Ifap)
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