Pesquisadores e estudantes de Engenharia Florestal do Ifap criam kit de energia solar portátil para extrativistas da Amazônia

_{Estudante utiliza o kit solar castanheiro}

Pesquisadores e estudantes do Campus Laranjal do Jari do Instituto Federal do Amapá (Ifap) propõem fazer a diferença na vida dos extrativistas da região do Vale do Jari ao desenvolverem um protótipo inovador: um kit de energia solar portátil. Esse kit foi apresentado recentemente durante a Feira de Negócios do Vale do Jari e tem o potencial de revolucionar a forma como os castanheiros e outros extrativistas da Amazônia obtêm energia.

A inspiração para este projeto surgiu a partir de trabalhos de campo realizados pelo pesquisador Diego Armando Silva e seus alunos com castanheiros locais. A ideia era encontrar uma alternativa de fonte de energia que não agredisse o meio ambiente e atendesse às necessidades dessas comunidades, que frequentemente passam semanas ou até meses nas florestas durante os períodos de coleta.

_{Estudantes do Campus Laranjal do Jari apresentam o kit solar castanheiro na Feira de Negócios do Vale do Jari}

O resultado foi um kit de energia solar que utiliza produtos recicláveis, como bombonas, para criar pequenos sistemas solares: o kit solar castanheiro. Esse kit proporciona aos extrativistas a capacidade de ligar lâmpadas, televisores e até mesmo freezers sem a necessidade de motores geradores poluentes. Isso não apenas melhora a qualidade de vida nos acampamentos, mas também reduz o impacto ambiental dessas atividades. 

 _{Diego Armando Silva e alunos na Feira de Negócios do Vale do Jari}

O coordenador do projeto e professor do Campus Laranjal do Jari, Diego Armando Silva, explica que o kit solar castanheiro é um protótipo (em processo de patente pelo Ifap) voltado a melhoria da qualidade de vida de extrativistas de castanha-da-amazônia, visando suprir as necessidades básicas de energia elétrica em atividades de campo, sendo que antigamente era utilizada a queima de óleo diesel por meio do motor gerador. "A ideia surgiu a partir das vivências de pesquisadores com modo de vida dos castanheiros durante as expedições das árvores gigantes, em que foi observado a necessidade de energia elétrica para, por exemplo, carregar baterias, celular e ligar lâmpadas. Sendo assim, espera-se que o kit solar castanheiro melhore a qualidade de vida dos castanheiros em atividades de campo, visto que essa atividade é essencial para o desenvolvimento local", destaca.

O "kit solar castanheiro": Uma revolução sustentável

_{Kit Solar Castanheiro}

O kit solar castanheiro" é uma inovação notável, projetada para acompanhar os coletores durante suas expedições na floresta. Ele é composto por duas placas solares, um inversor, um controlador, uma bateria e um circuito eletrônico, todos interligados dentro de um tanque reservatório de 1.000 litros, localmente conhecido como "bombona". Esse tanque é reciclado de uma empresa que o descartaria, demonstrando um compromisso ambiental inteligente.

Para o seu funcionamento, as placas solares captam a luz solar e a convertem em corrente contínua (CC) através do efeito fotovoltaico. Um controlador é usado para evitar sobrecarga e descarga excessiva da bateria, que armazena a energia para uso posterior. Um inversor converte a corrente contínua em corrente alternada (CA), permitindo a conexão de dispositivos.

Benefícios significativos para os castanheiros

Este protótipo oferece uma série de benefícios para os castanheiros e suas comunidades. Primeiramente, as placas solares permitem a iluminação dos acampamentos durante a noite, proporcionando segurança e conforto. Além disso, o kit permite que os extrativistas carreguem seus dispositivos eletrônicos, como celulares, facilitando a comunicação e a gestão de suas atividades.

Mais inovação

O projeto foi submetido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para validação de patente, o que pode abrir portas para a disseminação dessa solução sustentável em outras regiões e contextos.

A iniciativa dos pesquisadores e estudantes do Ifap está iluminando o caminho para um futuro mais sustentável na Amazônia, onde a energia solar portátil está proporcionando mais conforto e conveniência para os extrativistas, ao mesmo tempo em que preserva o precioso ambiente natural da região.

Por Tiago Ferreira, jornalista do Campus Laranjal do Jari

Instituto Federal do Amapá (Ifap) 
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